Novidades do Guia PMBOK® 5ª edição Exposure Draft


Novidades do Guia PMBOK® 5ª edição Exposure Draft


draft (cuja tradução é rascunho, ou esboço) do Guia PMBOK® 5ª edição (A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK® Guide)—Fifth Edition), em Inglês, foi liberado pelo PMI®. O objetivo é receber comentários visando alterações antes da versão final. Os filiados ao PMI podem submeter recomendações.

Note que o guia ainda não foi lançado oficialmente e que depois do lançamento oficial, previsto para Dezembro de 2012, se passarão vários meses até que haja mudanças nos exames PMP® e CAPM®. Ou seja, o exame somente vai passar a refletir o novo guia em meados de Junho de 2013.  Até lá continua valendo a 4a edição do guia, que é usada desde 2009.

Aqui vou procurar fazer um resumo das principais mudanças. Lembre que alguns itens podem mudar até o lançamento oficial, uma vez consideradas as recomendações recebidas.

O que mudou?

Uma das preocupações da equipe de revisão do guia foi garantir alinhamento com a norma ISO 21500, atualmente em desenvolvimento. Assim, todo o capítulo 3 (O Padrão de Gerenciamento de Projetos, com o qual a norma se relaciona), foi reposicionado como um apêndice do guia.

Os tradicionais grupos de processos (Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle) não mudaram, ou seja, o conceito de fluxo de processos e atividades permanece inalterado.

A maior mudança é a inclusão de uma décima área de conhecimento: Gerenciamento de Partes Interessadas. Essa mudança afeta principalmente os atuais processos de comunicação. Os quatro processos da nova área (dois deles movidos da área de comunicação) são: Identificar Partes Interessadas, Desenvolver o Plano de Gerenciamento das Partes Interessadas, Gerenciar o Envolvimento (engagement) das Partes Interessadas e Monitorar e Controlar o Envolvimento das Partes Interessadas.

Embora haja uma corrente de pensamento que sugira que o Gerenciamento das Partes Interessadas na verdade esteja associado ao Gerenciamento dos Recursos Humanos, essa nova área faz sentido, pois o gerenciamento de partes interessadas (stakeholders) vai muito além de comunicação e sim envolve um diálogo contínuo para atingir suas necessidades e expectativas. Com isso o gerenciamento de issues (questões?) também recebe maior atenção, incentivando um maior envolvimento das partes interessadas nas decisões e atividades do projeto.  Além disso, o gerenciamento das comunicações agora vai poder focar em planejar, executar e controlar informações.

Mudanças nos processos

A 5ª edição do Guia PMBOK® tem um número maior de paginas e agora apresenta 47 processos, um aumento de 12% em relação à 4ª edição, a qual continha 42 processos. Isto ocorre principalmente devido à correção de um equivoco histórico da 4ª edição: a retirada dos processos de planejamento de algumas áreas. Na nova edição volta o conceito de que cada área deve ter um processo formal que resulta na produção de um plano de gerenciamento auxiliar. Assim estão de volta os processos: “Planejar o Gerenciamento do Escopo”, “dos Custos”, “do Cronograma” e agora o novo “das Partes Interessadas”, o que gera maior consistência, devido à atual existência de processos como “Planejar as Comunicações” e “Planejar o gerenciamento dos riscos”, por exemplo, orientando o gerente do projeto a usar ativamente esses processos na geração de um plano de gerenciamento integrado.

Resumindo, então, os cinco novos processos:

Processo
Área de Conhecimento
Grupo de Processos
Planejar o Gerenciamento do Escopo
Escopo
Planejamento
Planejar o Gerenciamento do Cronograma
Tempo
Planejamento
Planejar o Gerenciamento dos Custos
Custo
Planejamento
Planejar o Gerenciamento das Partes Interessadas
Partes Interessadas
Planejamento
Gerenciar o Envolvimento das Partes Interessadas
Partes Interessadas
Execução

Os dois processos que mudaram de área:

Processo
Área de Conhecimento
Grupo de Processos
Identificar as Partes Interessadas
Partes Interessadas
Iniciação
Controlar o Envolvimento das Partes Interessadas (era “Gerenciar as expectativas das partes interessadas”)
Partes Interessadas
Monit. e Controle

Uma mudança bem-vinda é a alteração do nome de alguns processos, como, por exemplo, o processo “Verificar o Escopo”, que agora se chama “Validar o Escopo”, o que ajuda a diminuir a confusão que o nome gerava com o processo “Controlar o Escopo”.

Lista dos processos que mudaram de nome:

Nome Antigo
Novo Nome
Orientar e Gerenciar a Execução do Projeto
Orientar e Gerenciar o Trabalho do Projeto
Verificar o Escopo
Validar o Escopo
Planejar a Qualidade
Planejar o Gerenciamento da Qualidade
Realizar o Controle da Qualidade
Controlar a Qualidade
Desenvolver o Plano de Recursos Humanos
Planejar o Gerenciamento dos Recursos Humanos
Planejar as Comunicações
Planejar o Gerenciamento das Comunicações
Distribuir Informações
Gerenciar as Comunicações do Projeto
Reportar Desempenho
Controlar as Comunicações
Monitorar e Controlar os Riscos
Controlar os Riscos
Planejar Aquisições
Planejar o Gerenciamento das Aquisições
Administrar Aquisições
Controlar Aquisições

Entradas, ferramentas e técnicas e saídas

A equipe de revisão da 5ª edição teve o cuidado de seguir algumas regras de consistência, como a de que cada saída de um processo deve obrigatoriamente poder ser mapeada como uma entrada para outro processo, a menos que esteja finalizada.

Para quem pretende obter uma credencial, seja CAPM® ou PMP®, é importante lembrar que, além da reorganização de algumas práticas, juntamente com aumento no número de processos, haverá um incremento no número de entradas, ferramentas e técnicas a conhecer. O draft apresenta 614 entradas, ferramentas e técnicas, um aumento de 19% em relação à edição anterior do guia.

Outra mudança digna de comentário é o melhor esclarecimento sobre a diferença entre a reserva de contingência e a reserva gerencial.

Práticas Ágeis

E sobre a incorporação das emergentes práticas “ágeis” de gerenciamento de projetos ao guia? Embora o guia enderece metodologias adaptativas, onde as práticas ágeis são citadas (como no processo Desenvolver o Cronograma, onde conceitos Agile foram incorporados), o foco continua sendo nas práticas tradicionais.

Não espere encontrar termos usuais de práticas ágeis (como “planning poker”, por exemplo), no guia. Talvez isso seja uma decepção para quem esperava que o PMI incluísse metodologias ágeis de um modo mais significativo no escopo do Guia PMBOK®.

Por enquanto é isso. Se você teve a oportunidade de dar uma olhada no PMBOK® Guide 5th Edition Exposure Draft, compartilhe conosco seus comentários. Grande abraço.


Gerson Luis da Costa, FGV-PR, PMI-PR, CRA-PR

Professor da Pós Graduação da Fundação Getúlio Vargas e atualmente Analista de Projetos Sênior da Klabin S/A, integrante do PMI Chapter Paraná. Autor do livro Fazejamento de Projetos, Gerson tem treinado profissionais em gerenciamento de projetos e acompanhado diversas organizações na implantação de cultura corporativa de projetos. Ministrou Palestras, Cursos e Workshop em Projetos para mais de 1.000 alunos.

Taylor, Ford, Sloan, Deming, Ohno, Nonaka, Takeuchi, Gerson

Taylor, Ford, Sloan, Deming, Ohno, Nonaka, Takeuchi, Gerson
Taylor, Ford, Sloan, Deming, Ohno, Nonaka, Takeuchi, Gerson